Procurando amor nos apps: por que é tão viciante

Entenda o ciclo de empolgação e desânimo nos apps de namoro e como transformar essa busca por conexão em algo saudável.

Você já se pegou instalando, mais uma vez, um app de namoro, só para, alguns dias depois, desistir da conversa no meio do caminho? A vontade de encontrar alguém vem com tudo, mas o desânimo aparece logo em seguida. É como se o ciclo fosse sempre o mesmo: empolgação → expectativa → exaustão → tchau, sumido(a).

Se isso tem acontecido com você, respire. Você não está sozinha. E o nome disso talvez não seja apenas carência — pode ser um vício emocional, e ele é mais comum do que se imagina.


Por que parece um vício procurar alguém?

A resposta está, em grande parte, no cérebro. Cada “match” novo ativa o sistema de recompensa, liberando dopamina — o neurotransmissor da sensação de prazer. Assim, você sente esperança, curiosidade e até uma pequena dose de adrenalina. É quase como se uma nova possibilidade de amor pudesse resolver tudo: preencher o vazio, curar antigas feridas e trazer de volta aquele frio na barriga que faz o coração acelerar.

No entanto, assim que a conversa começa, o ciclo tende a mudar. Em algum momento, o interesse desaparece. Talvez você perceba que o papo é repetitivo ou que a química simplesmente não está lá. E, então, desiste, fechando o app e prometendo a si mesma que “essa foi a última vez”.


O que te faz desistir tão rápido?

Existem diversos motivos que explicam por que você abandona as conversas quase sempre no meio do caminho. Alguns deles talvez ressoem com a sua experiência:

  • Fadiga emocional: conversar com várias pessoas exige energia. Quando nenhuma conexão parece real, tudo se torna cansativo.
  • Idealização: no início, tudo parece promissor. Mas quando a realidade se impõe, o encanto se desfaz rapidamente.
  • Autodefesa: interromper a conversa é, muitas vezes, uma forma de se proteger de frustrações.
  • Desejo x prontidão: você quer um relacionamento, mas talvez ainda não esteja pronta para o tipo de envolvimento que ele exige.

Perceber esses padrões é o primeiro passo para quebrar o ciclo vicioso e começar a usar os apps de forma mais consciente.


O que você está buscando de verdade?

Nem sempre estamos à procura de amor verdadeiro. Muitas vezes, o que queremos é apenas um colo, um elogio ou a sensação de ser notada. Às vezes, é só o alívio de ouvir alguém dizendo: “você é interessante”.

No fundo, buscamos nos outros aquilo que gostaríamos de ouvir de nós mesmas. Até que essa escuta interna esteja presente, os aplicativos podem se tornar uma forma rápida — porém superficial — de buscar conexão. Por isso, é importante parar e se perguntar: “o que estou realmente procurando aqui?”


Tá tudo bem querer alguém. Mas também tá tudo bem parar.

Não existe problema em usar apps de namoro ou em desejar um relacionamento. Porém, é igualmente saudável reconhecer quando a busca se torna mais sobre preenchimento emocional imediato do que sobre conexão verdadeira.

Se a sua intenção é apenas um afeto simples, uma troca leve ou um pouco de atenção, isso também é válido. Não se cobre por não ter encontrado “o amor da sua vida” ainda. O mais importante é não desistir de você mesma no meio da conversa.

Além disso, parar não significa fracasso. Significa apenas que você está se respeitando, reconhecendo seus limites emocionais e evitando desgaste desnecessário. E isso, de fato, é um ato de amor próprio.


Como lidar com o vício emocional dos apps

Existem algumas estratégias que podem ajudar a reduzir o ciclo vicioso de instalação, entusiasmo e abandono:

  1. Defina intenções claras: antes de abrir um app, pergunte a si mesma qual é o seu objetivo. Procurar companhia, conhecer pessoas novas ou buscar um relacionamento sério? Ter clareza ajuda a evitar frustrações.
  2. Limite o tempo de uso: apps de namoro podem consumir horas preciosas do seu dia. Estabeleça um tempo diário ou semanal e respeite-o.
  3. Foque na qualidade, não na quantidade: em vez de conversar com muitas pessoas ao mesmo tempo, escolha interações que realmente despertem interesse.
  4. Pratique autocompaixão: nem toda conexão vai funcionar, e isso é natural. Trate-se com gentileza, sem culpas ou julgamentos.
  5. Busque atenção interna: antes de buscar validação externa, trabalhe na sua própria autoestima e autoconhecimento. Isso reduz a sensação de “vício” e transforma o processo em algo mais saudável.

Um convite para reflexão

Se você se reconhece nesse ciclo de entusiasmo e desânimo, saiba que não está sozinha. Muitas pessoas passam por isso e, ainda assim, aprendem a transformar a experiência em autoconhecimento.

Aqui no AmigaPraContar, acreditamos que compartilhar essas vivências é libertador. Falar sobre o que parece ser “só nosso problema” ajuda a perceber que somos mais parecidas do que imaginamos.

Portanto, respire fundo, observe seus padrões e permita-se escolher quando entrar e quando sair. Mais do que buscar amor nos outros, busque atenção e cuidado para consigo mesma.

E se quiser continuar esse papo, a caixa de comentários é sua casa. 💌 Conte sua história

Este artigo foi escrito por:​

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Caroline Peres

No Amiga Pra Contar, sou apenas a voz que escreve o que muitas vezes fica guardado. A escrita se tornou minha forma de companhia e, aos poucos, se transformou em um convite para que outros se sintam menos sozinhos. Cada palavra nasce do desejo de compartilhar um pouco de empatia, de compreensão e de presença, sem pressa, sem julgamentos, apenas com cuidado.

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