Como identificar homens que usam o discurso feminista para manipular emocionalmente mulheres
Numa noite qualquer, abri um aplicativo de namoro e conheci um cara. A conversa fluiu, mas algo me incomodou logo de início: ele se declarou não monogâmico. Fui honesta e disse que isso não era para mim. Ainda assim, ele insistiu, alegando que poderia considerar um relacionamento monogâmico. Desconfiada, segui em frente, mantendo atenção redobrada.
Marcamos de sair. No primeiro dia, ele desmarcou em cima da hora. No segundo, alegou uma dor de cabeça, mas foi para a academia. Apesar de tantos “não sei”, “quem sabe” e “estou indisposto”, acabei indo à casa dele — movida por um momento de carência e pela vontade humana de ter companhia e me sentir desejada.
Tivemos relação. E então veio o vazio.

Quando a validação é mais importante do que o vínculo
Antes, durante e depois do encontro, ele fez questão de mostrar o quanto era inteligente, sensível, “feminista” e superior. Parecia querer impressionar mulheres emocionalmente maduras, que buscam afeto e conexão.
No entanto, tudo aquilo parecia milimetricamente ensaiado — como se ele soubesse exatamente o que dizer para conquistar, sem realmente se importar com a outra pessoa.
Esse tipo de homem existe. E é perigoso de forma sutil: ele não xinga, não impõe, não agride — mas manipula com palavras bonitas e bandeiras progressistas que, na prática, não vivem.
A fala dele era libertadora, mas a atitude, covarde. Ele dizia respeitar a mulher, mas não me acolheu nem para uma noite de sono após o encontro íntimo. Me deixou ir embora bêbada, de madrugada, e depois mandou uma mensagem educada, como se isso limpasse tudo:
“Chegou bem? Gostou da noite?”
Eu fui seca. Respondi que sim e desejei uma boa semana. Nada além disso. Porque eu não gostei dele. Senti nojo. Me senti usada — não só pelo sexo, mas pela performance. Pela tentativa de me convencer de que aquilo era bom para mim. Como se transar casualmente, sendo tratada como mais uma, fosse libertador.
O falso feminismo como ferramenta de conquista
Há homens que estudam o discurso feminista como quem estuda técnicas de sedução. Eles dizem que respeitam o tempo da mulher, que acreditam em liberdade sexual, que são desconstruídos. Mas tudo isso dura apenas até conseguirem o que querem.
Depois, vem o silêncio, o afastamento, a frieza.
Eles não buscam parceria nem responsabilidade emocional. Querem a sensação de conquista — e, acima de tudo, sair da história como os “caras do bem”. Porque, para eles, o pior que pode acontecer é não serem admirados.
O que mais dói
O que mais feriu esse homem — e outros como ele — não foi eu ter ido embora. Foi o fato de que eu não reforcei o ego dele. Fui seca. Não elogiei. Não desejei repetir. E sumi.
E para mim? Fica a vergonha de ter caído, o nojo de ter transado sem querer de verdade e a culpa por ter me deixado levar pela carência. Mas, ao mesmo tempo, fica a clareza de que isso não me define. O que me define é o que faço agora com essa experiência.
Aprendizado e alerta
Fica a vontade de transformar esse incômodo em alerta. De mostrar para outras mulheres que o cara que fala bonito pode ser tão manipulador quanto o grosseiro — só que mais habilidoso.
Fica o aprendizado: da próxima vez que alguém usar “feminismo” como chave para minha cama, vou perguntar:
“E depois disso tudo, você vai saber me acolher? Ou vai fugir quando eu não te admirar o suficiente?”
Porque não basta falar bonito. Precisa ser verdadeiro.
Um convite para reflexão
É importante que mulheres reconheçam esse padrão. Nem todo homem que se declara feminista ou desconstruído tem boas intenções. A sedução muitas vezes se esconde atrás de discursos que parecem libertadores, mas que na prática buscam apenas validação e ego inflado.
Por isso, respire, observe sinais e confie na sua intuição. E se você já passou por algo parecido, 💌 Conte sua história. Compartilhar experiências ajuda a fortalecer outras mulheres e a criar uma rede de apoio.