Quando a intensidade vem antes do encontro real
Relato de uma leitora, uma história sobre ilusão, autoestima e o amor que não chegou a acontecer.
Eu estava conversando com um cara há apenas uma semana. Mesmo assim, ele dizia querer um relacionamento sério. Mandava áudios o dia todo, me chamava de amor, contava cada passo do dia dele — e eu, de certa forma, deixava isso acontecer. Não queria cortar, mesmo achando tudo rápido demais.
Parte de mim sabia que era intenso demais para ser saudável, mas a outra parte queria acreditar. Afinal, minha autoestima já não estava boa, e aquele interesse constante parecia um alívio. Parecia carinho, parecia atenção — parecia amor.
Com o tempo, a rotina de mensagens virou algo diário. Ele dizia estar apaixonado, falava em planos, perguntava da minha vida, e eu, por mais cautelosa que tentasse ser, fui me envolvendo.

O encontro que revelou o que ele realmente era
Depois de uma semana de conversas intensas, ele quis me ver.
Chegou na minha casa com flores e um ursinho, e por um instante eu acreditei que seria diferente. Pensei: “Talvez esse seja o início de algo bonito.”
Mas bastou chegarmos ao barzinho para eu perceber que a realidade seria outra.
Durante todo o encontro, ele falou das ex. Contou como se apaixonou por cada uma, como as pediu em namoro, e até detalhes íntimos, como se eu fosse apenas uma ouvinte aleatória. Eu tentava disfarçar o incômodo, mas por dentro estava me sentindo invisível — como se minha presença não importasse.
Era como se ele precisasse provar que já soube amar, quando na verdade só mostrava que ainda vivia preso ao passado.
Mesmo assim, tentei relaxar. Nos beijamos, e por um momento eu quis acreditar que talvez houvesse algo ali. Mas quando ele perguntou se eu queria ir pra algum lugar com ele, eu fui sincera: perguntei se aquilo teria andamento, porque eu não queria só uma noite. Ele respondeu que sim, mas algo no olhar dele dizia o contrário.
No fim, ele me trouxe pra casa — e o silêncio entre nós já dizia tudo.
O dia seguinte e a queda brusca de interesse
Na manhã seguinte, ele não mandou mensagem. Nenhum “bom dia”, nada.
Achei estranho, porque até então ele era quem puxava todas as conversas. Mandei eu mesma um “bom dia”, e ele respondeu de forma seca, como se mal lembrasse de mim.
Perguntei se não tinha rolado algo, e ele disse que não sentiu química comigo, embora me achasse linda, atraente e dissesse que realmente estava apaixonado antes de me conhecer.
Foi nesse momento que eu entendi: ele nunca esteve apaixonado por mim.
Ele se apaixonou pela ideia de ter alguém, pela intensidade que ele mesmo criou, pela sensação de ser desejado.
Eu, por outro lado, me deixei levar pela fantasia de que, dessa vez, alguém realmente queria algo verdadeiro.
O comentário que escancarou a superficialidade
Durante a conversa no bar, ele comentou sobre uma ex que o “desinteressou” porque ele encontrou um pelo nela na hora H.
Na hora, eu engoli em seco. Fiquei sem reação.
Como alguém pode perder o desejo por algo tão humano?
Naquele instante, algo dentro de mim percebeu que o problema nunca foi a aparência de ninguém — o problema sempre foi a falta de profundidade dele.
Era um homem que enxergava mulheres como vitrines: bonitas, perfeitas, moldadas à conveniência.
Mas a vida real não cabe em filtros.
Quando a decepção machuca mais do que o fim
A dor não veio porque ele foi embora.
A dor veio porque, por alguns dias, eu realmente acreditei que ele sentia algo por mim.
E quando alguém faz você acreditar que é especial, e depois some como se nada tivesse acontecido, o que quebra não é o coração — é a confiança.
Minha autoestima, que já estava abalada, despencou. Fiquei me perguntando se fiz algo errado, se não fui interessante o suficiente, se ele esperava algo diferente.
Mas, aos poucos, fui entendendo que não há nada que uma mulher possa fazer para manter alguém que nunca quis ficar.
Reflexão: o amor não some da noite pro dia
Homens como ele confundem intensidade com amor.
Falam de sentimentos grandes porque não sabem lidar com o silêncio, e prometem o que não têm capacidade emocional de sustentar.
Eles querem sentir algo — mas não querem se responsabilizar por quem sentirá junto.
E nós, quando estamos fragilizadas, acabamos acreditando. Porque queremos acreditar.
Mas é importante lembrar: quando alguém diz estar apaixonado sem te conhecer, isso não é amor — é carência disfarçada de encanto.
E quando ele desaparece de repente, o que sobra é a nossa própria necessidade de nos amarmos de novo, de reconstruir o que foi abalado.
No fim, ficou claro
Ele não queria me conhecer — queria se sentir desejado.
E eu, que só queria algo verdadeiro, acabei tropeçando na imaturidade dele.
Hoje dói, sim. Mas também é um alerta: amor não é pressa, não é promessa.
É constância, é respeito, é presença depois do encanto inicial.
E enquanto ele busca o próximo “encantamento”, eu sigo aprendendo a me escolher — porque o amor que ele não soube dar, eu ainda posso aprender a dar pra mim.


