Descobri a traição pelo iFood

Às vezes, a verdade chega de onde menos esperamos.

No começo, ele fez de tudo para me conquistar.
Era atencioso, presente, dizia que queria algo sério. Fazia planos, viajava para me ver, dormia abraçado e repetia que eu era especial. Até comprou um chinelo para eu deixar na casa dele — um gesto simples, mas que, para mim, soava como sinal de cuidado, de pertencimento.

E eu, com o coração aberto, fui acreditando.

Me dedicava de verdade. Escolhia roupas bonitas para vê-lo, pesquisava presentes, pensava em cada detalhe para agradar. Eu estava feliz. Me sentia viva, leve, apaixonada.
Mas a realidade não demorou a bater à porta.


A descoberta: um pedido de iFood mudou tudo

Um dia, fui até a casa dele. Fizemos um pedido no iFood e, de repente, o acaso revelou aquilo que ele escondia. O endereço de entrega caiu em outro lugar: a casa de uma mulher que ele nunca tinha mencionado.

Ele havia esquecido de trocar o endereço no aplicativo.
E assim, por descuido, vi uma parte da vida dele que não existia para mim.

Naquele mesmo dia, eu havia pedido para conversarmos. Ele disse estar “cansado”.
Mas a verdade era outra: não estava cansado, estava com outra pessoa.


O aniversário em que fui apagada

No dia seguinte, mesmo com tudo isso no peito, fui ao aniversário dele. Achei que talvez fosse um gesto de reaproximação, um espaço para mostrar que ainda queria tentar.

Mas o que aconteceu foi humilhante.

Durante quase seis horas, fui ignorada.
Não fui apresentada à mãe dele.
Não recebi atenção.

Ele tirava fotos, abraçava uma amiga como se fosse a namorada, exibia os presentes que ganhava. O meu, simplesmente ignorou. Até um bombom simples que outra amiga deu ele fez questão de postar. Mas o meu? Silêncio.

Me senti invisível. Apagada. Substituída.

E, quando questionei por que não me apresentou à mãe, a resposta foi ainda mais cruel:

“Você que devia ter pedido.”

Ali, eu comecei a entender: não era descuido. Era escolha.


A briga que confirmou tudo

Depois da festa, houve uma briga na casa dele. Eu estava confusa, rejeitada, sentindo que algo estava desmoronando. E ainda assim, ele não demonstrou vontade real de resolver.

Não pediu desculpas.
Não mostrou arrependimento.
Ficou frio, distante.
Como se eu fosse apenas um incômodo.


O domingo do desrespeito

Alguns dias depois, ele veio até São Paulo dizendo que queria resolver as coisas. Saímos. E, em um barzinho, um homem deu em cima de mim na frente dele.

Ele ficou visivelmente com ciúmes.
Mas não por amor.
Por controle.

A partir dali, começou a jogar várias coisas na minha cara:

  • prints de mulheres que davam em cima dele;
  • histórias de como era desejado;
  • e, antes de eu ir embora, contou que era “super amigo” de uma garota de programa que conheceu no Tinder.

Parecia que o objetivo era um só: me machucar.
Me lembrar o tempo todo que ele era “querido, desejado, escolhido”.
E que, se eu quisesse ficar, teria que aceitar as condições dele.

Logo depois, chegou o Uber. Ele entrou no carro e foi embora sem olhar para trás.


Quando percebi a manipulação

Foi então que caiu a ficha: ele queria me manter por perto sem assumir, me ameaçar com outras mulheres, me calar diante das humilhações e ainda me fazer sentir grata por ser maltratada.

E tudo isso vindo de um homem que se dizia psicanalista.
Alguém que entende de emoções, de dor, de impacto psicológico.
Nada foi por acaso.

Quando percebeu que eu não ia implorar, nem me adaptar à frieza disfarçada de “sinceridade”, ele tentou inverter a narrativa.

Provavelmente contou — ou ainda vai contar — que terminou comigo.
Que eu tive crise de ciúmes.
Que fui intensa demais.

Mas a verdade é outra:
Se eu fosse tudo isso, teria ido até a palestra dele, teria feito escândalo, teria me exposto.
E não. Eu não fui. Nem vou.

Quando ele esteve em São Paulo, olhou hotel, tentou se aproximar… fui eu quem disse não.

E quem olha de fora percebe: não fui deixada.
Eu escolhi ir embora.


O fim: quando me escolhi

Depois disso tudo, bloqueei.
Não por orgulho.
Mas por respeito próprio.

Bloquear foi me salvar — cortar o ciclo, sair da manipulação e, principalmente, dizer para mim mesma:

“Chega de me diminuir para caber em alguém raso.”

Ele dizia que ia cuidar do meu coração.
Mas foi quem mais pisou nele.

Hoje eu sei: ele nunca quis cuidar.
Ele só queria ter controle.

E o que ele perdeu… não foi apenas uma mulher que gostava dele.
Foi alguém que foi de verdade.


Se você vive algo assim

Se você está passando por algo parecido, tentando entender por que alguém que dizia “gostar de você” te tratava como nada, eu te digo, não é exagero, mas sensibilidade; não é carência, e sim profundidade; não é fraqueza, é humanidade.

E você não precisa ser forte para continuar suportando.
Às vezes, ser forte é ir embora.

Bloquear foi a minha cura.
E contar essa história, a minha libertação.

E se você já passou por algo parecido, 💌 Conte sua história. Compartilhar experiências ajuda a fortalecer outras mulheres e a criar uma rede de apoio.

Este artigo foi escrito por:​

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Caroline Peres

No Amiga Pra Contar, sou apenas a voz que escreve o que muitas vezes fica guardado. A escrita se tornou minha forma de companhia e, aos poucos, se transformou em um convite para que outros se sintam menos sozinhos. Cada palavra nasce do desejo de compartilhar um pouco de empatia, de compreensão e de presença, sem pressa, sem julgamentos, apenas com cuidado.

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